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Bonés há muitos

Opinião  »  2018-05-17  »  José Ricardo Costa

"Mas o mais ingrato ainda é explicar a um aluno não ser suposto estar com um boné na sala de aula."

Há um romance chamado A Montanha Mágica cuja acção se passa num sanatório. Numa altura em que o cérebro humano já só está preparado para aguentar livros de “figuras públicas”, auto-ajuda, espiritualidades e receitas de cozinha, ou então estados de alma no Facebook e meia dúzia de palavras chilreadas a conta-gotas, torna-se bizarro haver quem se lembre de escrever romances passados em sanatórios e de ainda precisar de 700 páginas para o fazer.

Num sanatório, mesmo num todo finório como o do romance, é costume morrerem pessoas. Sendo verdade que morrer é uma prática habitual em pessoas que ainda estão vivas, num sanatório era-o bem mais do que hoje num salão de cabeleireira, no momento de mostrar o cartão Continente na caixa ou mesmo numa carruagem de metro em hora de ponta, já contando com aquele escatológico momento em que alguém se descuidou. Um dia, Joachim, personagem do romance, vai a andar num corredor lá do sanatório quando passam por ele três pessoas com o viático a caminho do quarto de uma infeliz menina. De repente, fica sem saber o que fazer pois não levava o chapéu para o tirar naquele solene momento. Contando depois o episódio ao primo, este lembra-lhe o dever de andar sempre com o chapéu, criticando ainda o facto de naquele sanatório ninguém o usar.

Vejamos, os chapéus não se inventaram para serem tirados mas para serem postos. Mas a partir do momento em que os homens passaram a pô-los, ficou combinado que tirá-los seria uma boa maneira de mostrar respeito pelas pessoas que se cumprimentam ou por certos lugares. Também as portas não foram inventadas para darmos prioridade aos outros, nem as cadeiras para serem cedidas aos mais velhos. Mas tornaram-se um bom pretexto para exprimir condutas moralmente sãs e fortalecer os laços sociais. Não tem que ver com regras de etiqueta, um código que serve para pessoas de uma classe social se reconhecerem e distinguirem das outras, fortalecendo assim laços endogâmicos que fazem de cada evento social uma teatral “petite Versailles”, tutelada pelo fantasma de Luís XIV.

Outra coisa são simbólicos códigos de vinculação social que reforçam a ideia de sermos animais políticos, como nos considera Aristóteles. Calma, lá por nos chamar animais não quer dizer que nos esteja a ofender como se fosse um de certos deputados da nação. Pelo contrário, é até um elogio por mostrar que apesar de fazermos xixi e cocó, o que sobretudo nos define é sermos dotados de racionalidade e linguagem numa sociedade humana, bem diferente do que se passa numa colmeia, formigueiro ou bancada com uma claque de futebol aos urros e grunhidos.

Daí haver hoje muita mocidade cujo comportamento está mais próximo dos crustáceos do que de seres racionais, mais dados a funções simbólicas do que a rastejar na areia sem saber muito bem porquê. Fazer compreender a certos jovens que não ficaria mal levantarem-se para dar lugar a uma pessoa mais velha ou darem passagem numa porta, é tarefa tão espinhosa como a de um franciscano a explicar pacientemente a um leão faminto, a fraternidade entre todas as espécies.

Mas o mais ingrato ainda é explicar a um aluno não ser suposto estar com um boné na sala de aula. Imaginemos uma pessoa que fazia uma viagem no tempo, sendo a máquina tão, tão, tão poderosa, que a pessoa só iria conseguir parar no Paraíso. Encontrava o Adão ainda com o barro a secar e dizia-lhe não ser bonito andar por aí com o pirilau à mostra. Por que consigo imaginar tão facilmente a cara de parvo do pobre Adão a ouvir aquilo? Porque seria a mesma das criaturas de boné na cabeça dentro da sala de aula quando resolvo fazer de Deus a tentar à força dar a maçã a trincar mas debalde.

O pragmático tempo dos bonés que parecem colados ao couro cabeludo com Super cola 3, em contraste com o elegante tempo em que os chapéus se punham e tiravam conforme as circunstâncias, é uma derrota da humanidade tal como Aristóteles a concebeu.

 

 

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