Superação - inês vidal
"“O Micael agarrou-se à bicicleta como forma de superar. Não de se superar a si, mas de superar a doença."
O que nos motiva à constante procura de superação? Qual a necessidade que temos de mostrar a nós próprios e ao mundo que somos capazes de ir mais além, de esticar os nossos limites para além do estabelecido, de querermos ser sempre um pouco mais? Fascina-me pensar nestas razões que nos movem.
Já procurei a superação uma série de vezes. Faço-o sempre que escrevo um novo texto, que tento ser uma melhor mãe, quando luto por um novo cinto no Krav Maga, em cada corrida que me inscrevo. A corrida é um bom exemplo dos meandros da superação. Pelo menos da minha. Comecei por uma corrida de 6 km. A adrenalina associada à conquista, ao ultrapassar das minhas limitações, trouxe-me a euforia e a necessidade de dar um passo maior. Passei para as corridas de 10, rejubilei quando atingi os 15, não parei enquanto não ultrapassei a meta dos 20. O excesso foi tanto, para aqueles que eram os meus limites, que bati no fundo. Percebi que a superação era para mim, mas que não tinha o mesmo sabor se não fosse partilhada com os outros. Fiquei na dúvida sobre as minhas motivações para me tentar superar. Seria para mim ou para os outros? Que tenho eu de provar e a quem, para precisar de me levar ao limite? A exaustão foi tal, que nem saboreei a superação. Desisti de correr.
Continuo a querer superar-me, a provar que sou alguém porque faço coisas extraordinárias. É inerente à minha condição humana, creio. À nossa condição humana.
O Micael agarrou-se à bicicleta como forma de superar. Não de se superar a si, mas de superar a doença. A bicicleta deu-lhe a força que precisava para aguentar um diagnóstico e um processo que deita abaixo qualquer um. Quando se sentiu com força, tentou a travessia de 1050 km dos Pirenéus, mas teve força suficiente para perceber que o melhor para si seria parar, pedalados que estavam 300. Superou-se não ao ultrapassar os seus limites, mas precisamente por saber respeitá-los. Essa conquista, provavelmente mais importante do que qualquer outra, ninguém lhe pode tirar.
Micael não atingiu o objectivo mais imediato a que se propõs e certamente ter-se-á sentido frustrado por isso, mas conseguiu um objectivo maior: chamar a atenção para um problema que não é só dele, mas é, cada vez mais, de todos nós, a luta contra o cancro. Uma luta que, essa sim, nos supera, ultrapassa todos os nossos limites e nos mostra que o respeito por nós é a única superação que devemos procurar.
Superação - inês vidal
“O Micael agarrou-se à bicicleta como forma de superar. Não de se superar a si, mas de superar a doença.
O que nos motiva à constante procura de superação? Qual a necessidade que temos de mostrar a nós próprios e ao mundo que somos capazes de ir mais além, de esticar os nossos limites para além do estabelecido, de querermos ser sempre um pouco mais? Fascina-me pensar nestas razões que nos movem.
Já procurei a superação uma série de vezes. Faço-o sempre que escrevo um novo texto, que tento ser uma melhor mãe, quando luto por um novo cinto no Krav Maga, em cada corrida que me inscrevo. A corrida é um bom exemplo dos meandros da superação. Pelo menos da minha. Comecei por uma corrida de 6 km. A adrenalina associada à conquista, ao ultrapassar das minhas limitações, trouxe-me a euforia e a necessidade de dar um passo maior. Passei para as corridas de 10, rejubilei quando atingi os 15, não parei enquanto não ultrapassei a meta dos 20. O excesso foi tanto, para aqueles que eram os meus limites, que bati no fundo. Percebi que a superação era para mim, mas que não tinha o mesmo sabor se não fosse partilhada com os outros. Fiquei na dúvida sobre as minhas motivações para me tentar superar. Seria para mim ou para os outros? Que tenho eu de provar e a quem, para precisar de me levar ao limite? A exaustão foi tal, que nem saboreei a superação. Desisti de correr.
Continuo a querer superar-me, a provar que sou alguém porque faço coisas extraordinárias. É inerente à minha condição humana, creio. À nossa condição humana.
O Micael agarrou-se à bicicleta como forma de superar. Não de se superar a si, mas de superar a doença. A bicicleta deu-lhe a força que precisava para aguentar um diagnóstico e um processo que deita abaixo qualquer um. Quando se sentiu com força, tentou a travessia de 1050 km dos Pirenéus, mas teve força suficiente para perceber que o melhor para si seria parar, pedalados que estavam 300. Superou-se não ao ultrapassar os seus limites, mas precisamente por saber respeitá-los. Essa conquista, provavelmente mais importante do que qualquer outra, ninguém lhe pode tirar.
Micael não atingiu o objectivo mais imediato a que se propõs e certamente ter-se-á sentido frustrado por isso, mas conseguiu um objectivo maior: chamar a atenção para um problema que não é só dele, mas é, cada vez mais, de todos nós, a luta contra o cancro. Uma luta que, essa sim, nos supera, ultrapassa todos os nossos limites e nos mostra que o respeito por nós é a única superação que devemos procurar.
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![]() Um sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII). |
![]() Depois de na passada primavera termos assistido àqueles folhetins que, todos somados, levaram à demissão de 13 membros do governo e dos sucessivos escândalos em que o governo do PS estava sempre por perto, em que o caso da indemnização de 500 mil euros à administradora da TAP é talvez o caso mais conhecido, nada fazia prever que ainda íamos assistir ao terramoto político de maiores proporções que se abateu sobre o governo de Portugal. |
![]() Apesar da sua grande importância durante o Império Romano, do qual há muitos vestígios, ou a Idade Média, Trier é hoje apenas uma simpática cidade da Renânia-Palatinado, bem encostadinha ao Luxemburgo. |
![]() Deixem-me ser claro. A crise em que Portugal se encontra não me apanhou de surpresa. A maioria absoluta do Partido Socialista submeteu-se, desde as eleições legislativas, a quem lhe dera origem: António Costa. Por sua vez, a sua maioria na Assembleia retirara-lhe capacidade de intervenção partidária, submetida aos interesses do vencedor eleitoral, cuja palavra se tornou magister dixit. |
![]() Gostaria de falar neste artigo do acontecimento que, na semana passada, arrastou a queda do governo. Confesso, todavia, que ainda não percebi o que se passou. Deixo isso de lado e volto-me para uma revista. Tem o nome de Crítica XXI e é dirigida por Rui Ramos e Jaime Nogueira Pinto, dois influentes intelectuais da direita portuguesa. |
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